Promessas eleitorais

07 abr, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

António José Seguro diz não fazer promessas que não pode cumprir, mas prometeu acabar com os sem-abrigo quatro anos. Mas não há nenhum país europeu, mesmo rico, que não tenha sem-abrigo.

O líder do PS tem repetido que não faz promessas que não possa cumprir. Propósito louvável.

Os portugueses estão fartos de políticos que dizem uma coisa nas campanhas eleitorais e, uma vez no governo, fazem o contrário. Em geral com a desculpa de que a situação do país é bem pior do que eles pensavam – uma desculpa difícil de usar por António José Seguro, que acha péssima a nossa situação actual.

Ora, Seguro prometeu retirar da rua os sem-abrigo no prazo de uma legislatura, quatro anos. O presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, disse à Renascença não ser possível concretizar tal promessa.

Os sem-abrigo não acabaram em nenhum país europeu, mesmo nos mais ricos. Só em Berlim, que não atravessa qualquer crise semelhante à portuguesa, haverá cerca de cem mil sem-abrigo; em Portugal andarão pelos cinco mil.

Seguro entrou, afinal, na demagogia eleitoralista. Falou como se o problema dos sem-abrigo fosse apenas económico. Ignorou os factores psiquiátricos e de dependência de drogas e álcool que levam muitos sem-abrigo a não quererem sair da rua.