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Francisco Sarsfield Cabral

A crise francesa

02 abr, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Hollande começou por combater a austeridade, mas mudou de rumo há meses e tudo indica que o manterá. A economia francesa cresce pouco, o desemprego sobe e o défice orçamental não baixa. França fez escassas reformas para recuperar a competitividade.

Depois de uma pesada derrota eleitoral dos socialistas franceses nas eleições autárquicas, o Presidente Hollande mudou de primeiro-ministro. O chefe do governo de França é o Presidente da República; quando há crise, o habitual sacrificado é o primeiro-ministro.

Para esse cargo Hollande escolheu o seu ministro mais popular: Manuel Valls, filho de um catalão e de uma suíça, naturalizado francês. Era ministro do Interior, expulsou de França muitos ciganos e, em matéria económica, é da esquerda liberal.

A economia francesa cresce pouco, o desemprego sobe e o défice orçamental não baixa para as metas acordadas com Bruxelas. Hollande começou por combater a austeridade, mas mudou de rumo há meses. Tudo indica que manterá esse novo rumo, enfurecendo a esquerda socialista.

O problema é que a França, ao contrário da Alemanha, fez escassas reformas para recuperar a competitividade que as suas empresas têm vindo a perder. Reformar implica coragem para vencer as resistências, que em França são muito fortes.

Valls talvez tenha essa coragem, mas parece faltar a Hollande.