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Francisco Sarsfield Cabral

Esperanças na Tunísia

17 mar, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Nem tudo é negativo na “primavera árabe”, iniciada na Tunísia em 2011. Ao fim de dois anos, o país onde tudo começou alcançou um compromisso raramente visto em países islâmicos quanto a uma Constituição.

No Egipto, seis militares foram mortos neste fim-de-semana. A sangrenta guerra civil na Síria entrou no seu quarto ano. A situação na Líbia é caótica. Mas nem tudo é negativo na “primavera árabe”, iniciada em Janeiro de 2011 na Tunísia.

Neste país, de onze milhões de habitantes, foi levantado o estado de emergência que vigorava há três anos. E conseguiu-se ao fim de dois anos um compromisso quanto a uma constituição raramente vista em países islâmicos: consagra a liberdade religiosa, distingue a lei civil dos preceitos islâmicos e dá igualdade de direitos às mulheres.

Não foi um comité a redigir este texto – como por duas vezes aconteceu no Egipto, que é de novo uma ditadura militar – mas uma assembleia pluralista.

Claro que uma coisa são as leis e outra a prática. E que ainda há protestos, manifestações e confrontos num país onde o desemprego, a inflação e a dívida estão em alta.

Mas a moderação do partido islâmico mais votado na Tunísia, em contraste com o radicalismo da Irmandade Muçulmana no Egipto, permite esperanças de que esteja a nascer ali uma democracia.