Emissão Renascença | Ouvir Online

“Intifada” à portuguesa

21 fev, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

É notório que os apedrejamentos das “intifadas” acontecem, sobretudo, quando há câmaras de televisão por perto.

Sabe-se que, hoje, a política passa sobretudo pela televisão. Os principais eventos políticos são programados para a hora dos telejornais. O que não passa na TV não existe.

Há muito que os palestinianos revoltados contra Israel perceberam isto. É notório que os apedrejamentos das “intifadas” acontecem sobretudo quando há câmaras de televisão por perto.

Por cá, os protestos contra os governos também são feitos para a comunicação social. Quando primeiro-ministro, Sócrates foi perseguido por grupos de manifestantes que “actuavam” para as câmaras onde quer que ele se deslocasse. Agora Passos Coelho e os seus ministros são alvo do mesmo tipo de manifestações, aliás fáceis de organizar e de perceber quem as organiza.

Já é menos aceitável a presteza (nalguns casos, o gosto) com que boa parte da nossa comunicação social embarca neste esquema. Um governante vai a qualquer sítio para falar, mas a abertura dos telejornais e os títulos na Imprensa destacam que foi vaiado. O fraco nível de muito jornalismo que entre nós se pratica estimula o “truque” das vaias sistemáticas.