A Suíça quebrou um acordo feito com a União Europeia. Mas o problema é mais profundo do que isso. Nos próprios países fundadores da comunidade europeia os partidos anti-imigrantes ganham pontos.
O referendo que, no domingo passado e por escassa margem, impôs ao governo suíço a limitação da entrada de imigrantes (quotas) dentro de três anos viola um acordo que a Suíça tem com a União Europeia.
Prevê-se aí a livre circulação de pessoas e bens entre as duas partes. A renegociação deste acordo poderá trazer obstáculos à entrada na UE de exportações suíças.
Daí a preocupação de empresas e sindicatos da Suíça. Até porque precisam de imigrantes; por exemplo, 25% dos funcionários dos bancos suíços são estrangeiros. E portugueses que ali vivem e ainda não se legalizaram, bem como outros que projectavam para lá ir, têm motivos para alguma ansiedade.
Mas a UE não possui, nesta altura, grande moral para criticar o populismo vencedor na Suíça. Em países fundadores da integração europeia, como a França e a Holanda, partidos anti-imigração lideram as sondagens. E o primeiro-ministro britânico quer tirar direitos aos imigrantes, de modo a evitar que o seu partido perca votos para um partido anti-imigrantes e eurocéptico.