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Francisco Sarsfield Cabral

Uma questão de honestidade

03 fev, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Os erros de previsão passaram para os críticos do Governo.

O actual Governo falhou várias previsões durante os primeiros dois anos do programa de ajustamento. Reconheceu não ter previsto, por exemplo, que o desemprego subisse tanto nem que a recessão fosse tão severa. Choveram então as críticas, não apenas dos partidos da oposição (que dizem sempre mal, faça sol ou chuva) como de inúmeros comentadores. O Presidente da República chegou a falar de “espiral recessiva”, uma ameaça que também aqui referi.

Desde há meses para cá, porém, os erros de previsão passaram para os críticos do Governo. Já antes vários tinham ignorado o reequilíbrio das contas externas do país, conseguida sem desvalorização monetária. Muitos previram um segundo resgate a Portugal, a concretização da tal espiral recessiva (com a economia a afundar cada vez mais), o desemprego a subir sem parar até níveis “à espanhola”, o descrédito face aos credores, etc.

Ora, essas previsões não se confirmaram, felizmente. Compreende-se o erro, num terreno tão incerto. Mas porque não reconhecem agora esses críticos que se enganaram? É uma questão de honestidade intelectual.