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Francisco Sarsfield Cabral

Portugal e a disciplina externa

29 jan, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A maioria dos banqueiros portugueses prefere um programa cautelar a uma saída “à irlandesa”, referiu há dias o “Jornal de Negócios”. Porque obrigará o Estado a cumprir metas orçamentais.

Mas parece que alguns países da zona euro, como a Alemanha, não estão entusiasmados com a perspectiva de porem mais dinheiro de lado para apoiar parceiros indisciplinados – ainda que sob a forma de uma linha de crédito que só será activada em caso de necessidade.

Sair do programa de ajustamento sem programa cautelar seria uma vitória política do Governo português – por isso a “saída à irlandesa” é tentadora para os partidos da coligação. Exactamente por isso, um programa cautelar seria preferível, para evitar facilitismos eleitoralistas.

Uma disciplina imposta do exterior poderá evitar que se caia em tentações. Em 1978 e 1983, em programas impostos pelo FMI, bem como agora com o memorando da “troika”, os portugueses mostraram que cumprem severas medidas de austeridade quando tal lhes é exigido. Sem imposições externas, não temos sabido por em ordem as contas do Estado. É pena, mas é assim.