A viragem de Hollande

16 jan, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Em 2012, o Presidente francês prometeu opor-se à austeridade e relançar o crescimento económico da França. Não conseguiu uma coisa nem outra, pelo contrário. Não me espantava que algo semelhante viesse a acontecer em Portugal com António José Seguro à frente do Governo.

A conferência de Imprensa do Presidente francês, na terça-feira, suscitou comentários sobretudo quanto aos problemas sentimentais de Hollande, matéria sobre a qual nada adiantou. Mais importante foi a viragem da política económica do Presidente.

Na campanha eleitoral de 2012, Hollande prometeu opor-se à austeridade e relançar o crescimento económico da França. Não conseguiu uma coisa nem outra; pelo contrário, a economia francesa atrasou-se mais em relação à alemã e à britânica. E a França continua a ser o recordista europeu da despesa pública e da carga fiscal.

Um pouco como Miterrand em 1983 (quando nomeou Jacques Delors para ministro das Finanças), Hollande percebeu que o “socialismo num só país” implicaria fechar a França ao exterior, algo impensável.

Por isso, agora vai reduzir a despesa pública, cortando apoios sociais nomeadamente, e baixar impostos e contribuições das empresas. A esquerda está em choque com esta alegada viragem ideológica. Foi, apenas, o choque com a realidade.

Não me espantava que algo semelhante viesse a acontecer em Portugal com Seguro primeiro-ministro.