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Francisco Sarsfield Cabral

Divergências sobre o euro

14 jan, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A Comissão Europeia perdeu peso durante a presidência de Durão Barroso. O português é tentado, por isso, a dourar a pílula. O presidente do BCE é mais realista.

Na quarta-feira passada, em Atenas, o presidente da Comissão Europeia considerou a crise do euro ultrapassada e que as previsões pessimistas estavam erradas.

Durão Barroso apontou a melhoria da conjuntura económica na Europa, o contraste entre as especulações sobre a saída da Grécia do euro e o facto de o país presidir neste semestre à União Europeia, a conclusão feliz do programa de ajustamento da Irlanda e do programa de apoio bancário a Espanha, o fim da recessão e a baixa do desemprego em Portugal, etc.

No dia seguinte, o governador do Banco Central Europeu foi menos optimista. Falta “muito tempo para podermos declarar vitória”, alertou Mário Draghi. Há muitos riscos – financeiros, políticos, macroeconómicos – que podem afectar a recuperação da economia europeia, sublinhou Draghi.

Nos quase dez anos durante os quais Barroso presidiu à Comissão Europeia, esta perdeu peso no processo de decisão da UE. A integração europeia atravessa a sua mais grave crise de sempre. Não é culpa de Durão Barroso, mas leva-o a tentar dourar a pílula. Draghi é bem mais realista.