Uma dívida perto dos 130% do PIB da parte do Estado, a que acrescem as dívidas das famílias e das empresas fazem com que a austeridade ainda tenha futuro em Portugal.
Há o risco de se pensar que, terminado o programa de assistência da “troika” a Portugal, acaba a austeridade. Ora, a austeridade irá continuar, ainda por muitos anos.
Porquê? Por causa da dívida do Estado, que se aproxima de 130% do PIB (a norma da Zona Euro é não exceder 60% do PIB, menos de metade) e que só deixará de subir quando houver excedentes nas contas públicas, em vez de défices.
Acrescem as dívidas das famílias e as das empresas (estas últimas, em conjunto, já excedem a dívida pública).
Ou seja, teremos de colocar a dívida do Estado (além das outras) num nível sustentável. O que não se consegue – se conseguir – em meia dúzia de anos.
Há que manter o consumo privado dentro de limites, bem como o consumo público (despesas correntes do Estado). Não haja ilusões de que regressaremos às facilidades da primeira década deste século, financiadas a crédito.
Agora os credores estão vacinados e só nos emprestarão dinheiro a juros aceitáveis, com ou sem “troika”, desde que vejam disciplina financeira em Portugal – no Estado, nas famílias e nas empresas.