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Francisco Sarsfield Cabral

Ilusões desfeitas

29 nov, 2013

Em Portugal houve quem ficasse desiludido com o acordo de governo entre Merkel e os socialistas do SPD.

A influência do SPD praticamente nada mudará quanto à política europeia da chanceler.

O que era de prever por quem estivesse atento. A opinião pública alemã apoia essa política. Assim, não haverá dinheiro de contribuintes alemães para crises bancárias noutros países da Zona Euro.

O próprio mecanismo europeu de resgate não poderá financiar directamente bancos, o que põe em causa a desejada união bancária. E por proposta dos democratas-cristãos da Baviera (CSU) vão ser impostas portagens aos estrangeiros que circulem nas auto-estradas alemãs, contrariando as regras do mercado único europeu.

Foram aceites as exigências do SPD quanto à criação de um salário mínimo nacional e quanto a um modesto acréscimo no investimento público em infra-estruturas. Um passo positivo, mas muito limitado, para ajudar as exportações de países em dificuldade, como Portugal.

É pouco, mas julgar que o novo governo alemão poderia ir mais longe era uma ilusão. Como aconteceu com Hollande.