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Ribeiro Cristóvão

O outro "derby"

11 dez, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Era perfeitamente evitável o espectáculo que os presidentes dos dois clubes lisboetas decidiram oferecer como inesperada sobremesa.

O outro "derby"

Era perfeitamente dispensável o jogo de palavras que se seguiu ontem à noite no Estádio José Alvalade ao electrizante embate protagonizado pelos jogadores do Sporting e do Benfica.

Noventa minutos de luta permanente e muitas vezes desequilibrada teriam bastado aos adeptos para a promoção de longos debates eivados de clubismo sadio e elevado a um nível mais alto sempre que se defrontam os dois maiores clubes da capital.

Dentro e fora do estádio, durante o jogo e no período que se lhe seguiu, foi irrepreensível o comportamento de todos quantos a ele quiseram assistir.

Para confirmar, das autoridades policiais não emanou a mais pequena nota dando conta de anormalidades, facto que merece registo especial sobretudo por não ser frequente, nos últimos tempos, em circunstâncias como esta.

Por tudo isto era perfeitamente evitável o espectáculo que os presidentes dos dois clubes lisboetas decidiram oferecer como inesperada sobremesa.

Havia pedras no sapato de ambos lados, isso era conhecido de todos, e até chegou a ser anunciada, da parte do Benfica, a divulgação da sua versão sobre o patético folhetim criado pelo seu rival acerca do possível adiamento do clássico.

 Mas não foi isso o que veio a acontecer.

A ementa que acabou por ser servida traduziu-se num ataque envolto em forte neblina por parte do principal responsável pelo clube da águia, sem nunca ir directo ao assunto que importava esclarecer.

Por outras palavras, assim bem ao jeito daquele antigo polémico jogador e treinador que terminava invariavelmente os seus ataques com a bombástica frase: “vocês sabem bem do que eu estou a falar.”

A grandeza dos dois clubes e a pacificação que o futebol reclama teriam dispensado perfeitamente o embate a que se assistiu fora das quatro linhas protagonizado por dois dirigentes aos quais cabem grandes responsabilidades.

As diferenças que se sabe existirem entre ambos deveriam ter sido resolvidas em local apropriado e através de palavras mais adequadas às funções que desempenham.