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Ribeiro Cristóvão

Afinal, valeu a pena?

15 nov, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Um relvado em péssimas condições, um grau de humidade quase insuportável e calor muito incómodo para jogadores acostumados neste tempo ao frio da Europa, confirmaram como se apresentava pouco recomendável um desafio no continente africano nesta altura do ano.

Afinal, valeu a pena?

Não é surpresa para ninguém. Ainda mal tinha terminado o jogo entre as selecções de Portugal e do Gabão já as críticas choviam de todos os lados, incidindo sobre várias matérias que não só o aspecto puramente competitivo ou a fraca exibição produzida pelos escolhidos de Paulo Bento.

Chamámos aqui a atenção para a falta de condições em que o desafio iria desenrolar-se, a começar pelo clima, nada favorável nesta altura do ano e, a acabar, nas carências quanto a diversos aspectos da logística. Tudo isto veio a verificar-se, contribuindo assim decisivamente para a má jornada de propaganda em que o futebol português voluntariamente se envolveu.

Um relvado em péssimas condições, um grau de humidade quase insuportável e calor muito incómodo para jogadores acostumados neste tempo ao frio da Europa, confirmaram como se apresentava pouco recomendável um desafio no continente africano nesta altura do ano.

A tudo isto, que não foi pouco, juntou-se a ridícula arbitragem de um juiz ganês, que esteve recentemente suspenso por três meses devido a erros de palmatória cometidos na CAN, e que teve neste jogo decisões de fazer rir a bandeiras despregadas.

As coisas só não se complicaram por se tratar de um jogo amigável, e a cujo desfecho não era atribuída a mínima relevância.

Perante este quadro é caso para perguntar: será que valeu a pena correr tantos riscos para cobrar 800 mil euros? Os dirigentes federativos dirão sempre que sim, mas a grande maioria dos observadores responde com argumentos contrários.

Quem ouviu Pinto da Costa percebe que o estado de espírito dos directamente interessados revela grande animosidade, ao considerar que os jogadores são usados de forma indiscriminada por uma Federação que só pensa em dinheiro, quando tem milhões em depósitos a prazo.

Nesta síntese fica tudo dito, e mais uma vez demonstrada a nossa razão quando na véspera chamámos a atenção para uma série de factores negativos que vieram a confirmar-se e a influenciar esta excursão da selecção portuguesa que, oxalá, tenha ficado como aviso para outras operações futuras.