Tempo
|

Ribeiro Cristóvão

Refundação leonina

30 out, 2012 • Ribeiro Cristóvão

As reacções vindas das bancadas de Alvalade, sobretudo ontem após o péssimo jogo frente à Académica, e sobretudo a contestação à primeira figura do Clube, o seu Presidente, permitem perceber que os adeptos renunciam a baixar os braços.

Refundação leonina

Falar em refundação dos acordos que trazem o país amarrado a compromissos internacionais muito difíceis de cumprir tal como propôs o Chefe do Governo, acaba de ser considerado "erro político monumental".

Trata-se de matéria que carece de ser clarificada, dadas as muitas dúvidas que à sua volta se levantaram por todo o país, e os inúmeros comentários que suscitou.

Este parece ser, no entanto, um termo completamente adequado à actual realidade do Sporting Clube de Portugal, um clube cuja dimensão ultrapassou fronteiras ao longo de mais de cem anos de existência, mas que definha a cada dia que passa, ameaçando mesmo ver-se reduzido à condição de colectividade incapaz de saltar o muro das lamentações em que se entrincheirou há largo tempo.

Não adiantará muito invocar o seu ecletismo, e as vitórias que consegue alcançar como corolário do domínio que ainda exerce em algumas modalidades ditas amadoras.

O futebol tem sido e permanece como o grande barómetro da sua pujança ou falta dela, e é nele que se revêem milhares, talvez milhões, de associados e adeptos espalhados por esse mundo fora.

E, neste domínio, os últimos tempos têm sido agitados por força dos resultados que teimam em não aparecer.

Numa temporada que já leva três meses, o saldo é confrangedor: fora da Taça de Portugal, em dificuldades na Liga Europa e, no campeonato, sete pontos conquistados em outros tantos desafios disputados, o segundo pior ataque da competição com apenas cinco golos marcados e, tornando ainda mais abrangente a contagem, apenas duas vitórias em onze jogos, a última das quais registada vai para mês e meio.

Estão agora cada vez mais à vista os erros cometidos por uma equipa dirigente sem estratégia, a desorientação está cada vez mais disseminada por todo o tecido do clube, acumulam-se decisões em catadupa sem sentido, tudo isto como contributos para o estado comatoso para que o futebol tem caminhado.

E até muitos dos que até há pouco foram seus fervorosos apoiantes, começaram já a saltar do comboio ainda em andamento.

As reacções vindas das bancadas de Alvalade, sobretudo ontem após o péssimo jogo frente à Académica, e sobretudo a contestação à primeira figura do Clube, o seu Presidente, permitem perceber que os adeptos renunciam a baixar os braços.

Dispostos a iniciar a tal refundação, fazem ouvir num tom cada vez mais elevado os seus protestos, que mais não são do que a expressão viva do desejo de alterar o rumo que está a ser seguido, e partir para novas eleições que possam contribuir para evitar o descalabro a cada dia que passa à vista de todos.