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Ribeiro Cristóvão

Milionário

29 out, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Pinto da Costa merecia mais do que esta vitória suada na Amoreira, para assinalar a longevidade de uma carreira marcada pelo sucesso.

Milionário

Sem realizar um jogo de grande qualidade, antes pelo contrário, o Futebol Clube do Porto atingiu neste domingo à noite dois objectivos primordiais: recolar ao Benfica no comando da tabela classificativa, e assinalar com uma vitória o jogo mil de Pinto da Costa no comando dos dragões.

As actuações dos dois da frente ficaram marcadas por algumas diferenças substanciais: enquanto o Benfica realizou uma excelente primeira parte em Barcelos, durante a qual obteve três golos que trouxeram uma enorme tranquilidade à equipa e até um certo relaxamento no segundo tempo, com os portistas aconteceu exactamente o contrário ao permitirem, logo de início, o controle do jogo pelo Estoril Praia e, sem surpresa, o seu adiantamento no marcador.

Do lado dos encarnados, cujo treinador tem persistido na utilização exclusiva de jogadores estrangeiros, saúda-se ainda o lançamento de dois jovens portugueses que não apenas jogaram ao melhor nível, como deram um bom contributo para a construção do resultado final. Ao dispor de mais opções, Jorge Jesus enfrenta a partir de agora o problema de ficar exposto a todas as críticas, caso volte à versão habitual e quase única da legião estrangeira.

No Porto, o treinador Vítor Pereira repetiu o onze da Champions, mas a insistência não registou progressos assinaláveis. Sem velocidade e ainda menor criatividade, a perder ao intervalo, só a segunda parte permitiu aos dragões melhorar suficientemente o nível para dar a volta ao resultado, numa exibição que deixou muito a desejar.

Há noites assim. Mas Pinto da Costa merecia mais do que esta vitória suada na Amoreira, para assinalar a longevidade de uma carreira marcada pelo sucesso.

Uma efeméride que o líder portista não deixou, entretanto, de aproveitar para lançar algumas farpas na direcção do seu mais directo competidor, o Benfica.

Ao afirmar, na entrevista que concedeu à Renascença, que nestas três dezenas de anos passados no comando da nau portista a vitória que lhe proporcionou mais prazer foi aquela que no estádio da Luz ficou marcada por um inesperado apagão e a rega aos jogadores que acabavam de se sagrar campeões, deixou tudo dito.

O Benfica continua, assim, a ser o alvo a abater, o que torna mais difícil para Luis Filipe Vieira o cumprimento da promessa eleitoral recente de ganhar três títulos nos próximos quatro anos e nesse período estar presente numa final europeia.

Para alcançar tal objectivo vai ser necessário um trabalho exaustivo de toda uma estrutura que nem sempre tem correspondido aos desejos do seu Presidente. O passado recente diz-nos que se trata de uma tarefa muito árdua, e que Pinto da Costa tudo fará para tornar ainda mais complicada.