Tempo ao tempo

O Conselho Leonino, um órgão que nunca se soube muito bem para que foi criado e que benefícios o Sporting colhe da sua existência, volta a estar em foco devido a uma reunião aprazada para esta quarta-feira, com uma agenda carregada mas, segundo os bem informados, com Sá Pinto na primeira linha de fogo.

Isto é, depois de uma vitória arrancada a ferros frente ao Gil Vicente, que provocou algum conforto nas hostes e deveria ter também dado lugar a alguma serenidade, a discussão volta a centrar-se no treinador, na sua qualidade e nas dúvidas que continuam a colocar-se acerca da continuidade ou não, à frente da equipa.

O Conselho Leonino tem existência legal mas é suportado por estatutos caducos, cuja revisão já deveria ter merecido atenção, preocupação e tempo dos responsáveis que têm passado pelo clube.

Mesmo sabendo-se que a sua composição abrange todas as tendências, no respeito pelas votações em actos eleitorais, a verdade é que o produto final do seu trabalho apenas se tem traduzido em discussões estéreis, alimentando o ego de personalidades que de outro modo nunca teriam qualquer visibilidade.

Este é um dos muitos problemas do Sporting, clube onde existem, aliás, outros focos de desestabilização alimentados por pequenos grupos que, por reclamarem direito de opinião, sobretudo nos momentos de maior tensão, apenas contribuem para o divisionismo que frequentemente se instala na colectividade e trazem para a praça pública apenas os aspectos mais negativos.

Por muitas e variadas razões o Sporting tem sido o tema dominante destes dias. Uma vitória no campeonato baixou o tom das críticas, mas ainda não é claro que todas as muitas dúvidas estejam dissipadas.

O tempo que segue, com a equipa (Sá Pinto incluído) a ser chamada a três frentes, será decisivo e de extraordinária influência no futuro.

Por tudo isto, o Conselho Leonino deverá cingir-se apenas à sua função de órgão consultivo, sem extravasar das mesmas ao ponto de pretender ser parte nas decisões.