17 mai, 2012 • Ribeiro Cristóvão
A nomeação do árbitro Paulo Baptista para dirigir a final da Taça de Portugal, a realizar no próximo domingo entre a Académica e o Sporting, constituiu uma surpresa, daquelas em que o futebol é fértil, mas que nem por isso deixa de ser verdadeiramente incompreensível.
Como todos bem nos recordamos, o árbitro de Portalegre quis ser também parte de uma trama em que o seu colega João Ferreira decidiu ser primeira figura ao recusar a sua nomeação para dirigir o desafio Beira Mar-Sporting, a contar para a segunda jornada do campeonato que há pouco terminou.
Paulo Baptista, num repentino acesso de corporativismo, viria logo a seguir manifestar solidariedade para com o seu companheiro de luta, ao indisponibilizar-se para dirigir esse desafio em que intervinha o Sporting, caso fosse para tal nomeado.
Vale a pena recordar que João Ferreira quis então desse modo tornar público o seu veemente protesto por afirmações vindas a público vários dias antes, e através das quais os dirigentes leoninos se haviam referido de forma cáustica ao trabalho de alguns juízes de campo, mal o campeonato estava a começar.
Muitos meses mais tarde, o Conselho de Disciplina da Federação castigou essa leviandade dos árbitros de Setúbal e de Portalegre impondo-lhes a suspensão de três e dois jogos sem pegar no apito, pena que acabaria no entanto por resultar em nada dado o corporativismo da classe ter contribuído para que em inenarráveis provas físicas recentes ambos os juizes vissem as suas classificações recuperadas de forma pouco ética.
Perante o espanto geral, Paulo Baptista acaba de ser indicado para arbitrar o jogo da final da Taça de Portugal. Não chegamos ao ponto de dizer que se trata de uma provocação, mas a verdade é que tem com isso muitas semelhanças.
Temos igualmente muitas dúvidas se seria aceite assim tão pacificamente caso se tratasse de um jogo em que fossem intervenientes o Porto ou o Benfica. Estranho é igualmente o silêncio do Sporting, certamente mais preocupado por estes dias com outras questões do foro interno que a curto prazo poderão vir a cair com estrondo na praça pública, logo que passe a febre da Taça de Portugal.