Tempo
|

Ribeiro Cristóvão

A desistência

04 mai, 2012 • Ribeiro Cristóvão

No culminar de um complicado processo que se arrasta há longos meses, a União Desportiva de Leiria poderá ter colocado hoje ponto final na actividade da sua secção de futebol sénior, com inerentes prejuízos também para outros parceiros que fazem parte do quadro de clubes da liga principal.

A desistência

Nada é novo no desenvolvimento desta situação que tem por base o não pagamento de salários aos atletas, um caso que se arrasta há muito tempo e tem, infelizmente, parceiros e seguidores nas mesmas infelizes circunstâncias.

Há muito que a questão dos salários é tema de debate nos fóruns mais diversos, com o reconhecimento quase unânime de que o futebol português continua a viver numa mentira ao fixar ordenados que estão longe de corresponder à sua capacidade financeira, portanto às receitas que consegue gerar.

Daí que os acontecimentos de Leiria só surpreendam pelo facto de ainda não terem tido repercussões mais visíveis noutros clubes, embora se saiba, por declarações feitas por responsáveis sindicais, que cerca de oitenta por cento não cumprem as obrigações que voluntariamente assumiram.

Face à decisão dos dirigentes leirienses vai agora iniciar-se um outro processo, certamente não menos longo e muito mais polémico, que tem a ver com as implicações que se irão reflectir na actual classificação da primeira Liga.

Têm, por isso, a palavra os juristas, sabendo-se de antemão que nem todos partilham a mesma opinião.

E, logo aí, parecem estar à vista sobretudo alguns beneficiados, exactamente aqueles oito clubes que perderam pontos nos desafios que disputaram com a colectividade agora desistente que, ao longo do campeonato, apenas registou até aqui cinco vitórias e quatro empates.

Neste tempo de fazer justiça será oportuno não esquecer igualmente alguns dirigentes.

Por isso, aqueles que enganam deliberadamente e das mais variadas formas, terão de  ser, de uma vez por todas, responsabilizados e expurgados de uma organização onde deve exigir-se cada vez maior rigor.