26 mar, 2012 • Ribeiro Cristóvão
Chegados a esta altura do campeonato e eis que, do Minho, chega a confirmação de uma equipa com capacidade para discutir o título com os grandes senhores do futebol e habituais detentores dessas mordomias, que dão prestígio, ajudam a acumular prebendas e proporcionam ajudas que tantas vezes lhes chegam de vários lados.
É uma constatação de décadas.
Quando chega o fim dos campeonatos e se fazem as contas, o balanço favorável pende inevitavelmente para os mais fortes, que mesmo estando conscientes dessa realidade, não se escusam de, uma vez por outra, e quando as más decisões também lhes batem à porta, a entrar na gritaria que reflecte o medo de verem a meta à vista e as dificuldades a aumentar.
Mesmo constatando que nada está ganho nem perdido por ninguém, a chegada do Sporting de Braga, esta noite, ao primeiro lugar da classificação provoca uma onda de satisfação generalizada.
Trata-se de um pontapé na rotina que dura há anos e assim se mantém imutável, e do qual o futebol português não pode deixar de colher alguns proveitos.
Aos minhotos estava hoje destinada uma tarefa decisiva, que arrastava consigo também algumas dificuldades, como o jogo com a Académica veio a confirmar.
E esta é, sem dúvida, a hora da sua afirmação.
Ganhar à Académica e daí partir para o comando do pelotão, tornou-se não só num marco histórico mas igualmente num desafio que o Sporting de Braga terá agora de colocar a si próprio, confirmando se o seu projecto de futuro contempla o salto que a realidade actual torna possível alcançar.
Este momento coloca os bracarenses em posição ideal para realizar um sonho, embora o grupo continue a esconder, por natural precaução, toda a ansiedade que atinge seguramente o balneário do estádio da Pedreira.
Porto e Benfica, por seu lado, prosseguem a fase de esbanjamento e de alguma desorientação.
As mais recentes exibições destes dois grandes estão longe de corresponder às necessidades suscitadas pela sua condição de candidatos, os resultados são a consequência de erros de vária ordem, a gritaria à volta as arbitragens também provoca algum desconforto e rouba serenidade.
Seria certamente mais recomendável que benfiquistas e portistas se virassem para dentro de si próprios e aí procurassem respostas para as dúvidas que se levantam e que da parte dos respectivos corpos técnicos continuam a não suscitar esclarecimentos.
E há, nesse domínio, matéria de sobejo para poderem concluir que os erros que ambos têm protagonizado não são da exclusiva responsabilidade de terceiros.
É tempo de saudar a chegada do Sporting de Braga à liderança do campeonato.
É a pedrada no charco de que o futebol português necessitava há muito.