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Ribeiro Cristóvão

Coragem, fujamos!...

23 mar, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Com o aproximar do fim da temporada de futebol reactiva-se a guerra contra os árbitros traduzida em ameaças verbais e físicas que causam danos e obrigam a corporação a unir-se mais do que nunca.

Coragem, fujamos!...

Com o aproximar do fim da temporada de futebol reactiva-se a guerra contra os árbitros traduzida em ameaças verbais e físicas que causam danos e obrigam a corporação a unir-se mais do que nunca.

Têm sido frequentes os ataques às actuações de alguns juízes de campo, nem sempre desprovidas de sentido ou de razão, convenhamos. Só que, com o avançar do calendário e perante a incomodidade de algumas tomadas de posição mais radicais, a reacção dos árbitros tende a encaminhar-se para posições de força das quais não haverá vencedores nem vencidos.

É, no fundo, o corporativismo de classe a funcionar em pleno. Como, de resto, ainda esteve em acção quando toda a classe decidiu participar numa aldrabice que teve como finalidade recompensar dois árbitros punidos pela justiça federativa.

Como todos recordamos, João Ferreira e Paulo Batista haviam sido castigados com a pena muito suave de três jogos de suspensão por se terem recusado a dirigir um desafio que interveio o Sporting.

Perante a possibilidade de ambos virem a ser penalizados na classificação final e até a provável retirada do estatuto de internacional, logo a classe veio em seu socorro transformando as mais recentes provas físicas num exercício mentiroso que não convenceu ninguém.

Acossados de vários lados, e amedrontados, os árbitros parece ter agora encontrado uma saída. E assim, aqueles que têm estatuto de internacionais, preparam uma posição de força contra o que consideram falta de apoio da Federação Portugal de Futebol e do Conselho de Arbitragem, escusando-se a dirigir jogos em que possam intervir sobretudo os três grandes.

É, verdadeiramente, a fuga para a frente de uma classe que não existe enquanto tal, que só reage quando vê perigar o seu estatuto social e desportivo, e se vê votada ao abandono pelos responsáveis que só esporadicamente se colocam do seu lado.

Com quase tudo em seu desfavor, os árbitros sentem-se ameaçados e, por isso entendem que está na hora de fazerem soar o seu grito de alerta: “coragem, fujamos…”