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Ribeiro Cristóvão

O castelo não caiu

07 fev, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Em Guimarães aconteceu ontem aquilo que há algum tempo parecia inevitável, a queda da Direcção do Vitória, o clube que é desde sempre a menina dos olhos mais querida da cidade do Fundador.

O castelo não caiu

Emílio Macedo nunca terá caído nas boas graças dos sócios militantes, ainda que o tenham escolhido em dois sufrágios consecutivos.

O esvaziamento progressivo da equipa de futebol e a sua nunca desmentida ligação ao Benfica transformaram-se em hemorragias difíceis de estancar, pelo que o desenlace passou a ser, mais do que tudo, uma necessidade.

O Vitória de Guimarães tem um longo historial de sucesso em diversas modalidades, mas sobretudo no futebol, que tem sido a principal razão para o apego que lhe devotam as gentes da cidade e arredores, as quais sentem e vivem acima de tudo o clube da sua terra, demarcando-se assim da tendência nacional de dar primazia a um qualquer dos três grandes.

Não consta que em Guimarães existam sedes ou delegações do Benfica, Porto ou Sporting.

E as poucas tentativas empreendidas de ali as implementar foram sempre derrotadas pelo “Vitorianismo” quase fanático de muitos para quem ser do Vitória é  caminho de sentido único.

Pimenta Machado, que se manteve à frente da Direcção durante mais de vinte anos, pode ser considerado como o motor da nova imagem criada e obreiro dos  sucessos alcançados na vigência dos seus mandatos, tendo no entanto saído de forma pouco pacífica, talvez não inteiramente justificada.

Vítor Magalhães foi o responsável que se seguiu.

Porque nunca o sentiram como um homem da cidade, a sua passagem pelo clube não deixou saudades, e ficou mesmo marcada por alguns actos de gestão de difícil entendimento, alguns dos quais levaram à descida de divisão.

Emílio Macedo vê agora abrir-se-lhe a porta de saída, sob a acusação de ter gerido mal as finanças do clube, em situação de ruptura, e com a equipa de futebol a passar por dificuldades que colocam em risco o seu futuro imediato.

Guimarães fica, assim, sem elenco directivo, mas o Castelo não desabou.

Permanece por isso a esperança de que o Vitória possa voltar aos tempos áureos em que a cidade enchia todos os domingos o Estádio Don Afonso Henriques para ali viver, de forma apaixonada, os momentos de glória que jamais poderão ser apagados da uma história como há poucas em Portugal.