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Ribeiro Cristóvão

"Fazedor de campeões"

31 jan, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Fica-se na expectativa de ver Djaló transformar-se no tal grande jogador que ainda não conseguiu ser.

"Fazedor de campeões"

No longínquo ano de 1963 chegou a Lisboa, com destino ao Sporting, um dos mais renomados treinadores brasileiros de futebol de então, mesmo sem nunca ter sido jogador. O mesmo que já tinha acontecido, aliás, com Otto Glória, outro brasileiro de sucesso.

Gentil Cardoso, um pernambucano nascido no Recife, responsável pelo aparecimento do grande Mané Garrincha, era um homem extrovertido, nunca se embaraçando perante qualquer questão que lhe fosse colocada, sobretudo nos momentos mais difíceis da sua carreira.

Contratado pelo Sporting, então presidido pelo General Sá Viana Rebelo, e numa altura em que começava a acentuar-se o predomínio do Benfica com Eusébio a arrancar para uma carreira fabulosa, Gentil Cardoso, com 57 anos de idade, povoou as parangonas de todos os jornais com promessas mirabolantes e frases inesquecíveis.

“Sou um fazedor de campeões”, foi a afirmação que recolheu maior impacto na primeira conferência de imprensa que deu à chegada à capital portuguesa.

Iria permanecer no Sporting apenas por oito meses, sem ter terminado a época e após um empate em Alvalade frente ao Olhanense, mas preparando a equipa para aquela que seria a sua maior conquista internacional de todos os tempos, a Taça dos Vencedores de Taças.

Veio-nos à memória o nome desta excêntrica figura do futebol quando confrontados hoje com uma afirmação de Jorge Jesus dada à estampa no jornal "Correio da Manhã": “Faço de Yannick um grande jogador”, garantia do treinador do Benfica ao seu Presidente para assim dar o aval à contratação.

Mesmo sem a criatividade do brasileiro Gentil Cardoso, o português Jorge Jesus também insiste em nos surpreender com as bombásticas afirmações, muitas delas aproveitadas para enriquecer o anedotário nacional.

Entretanto, fica-se na expectativa de ver Djaló transformar-se no tal grande jogador que ainda não conseguiu ser, talvez porque a imprensa cor-de-rosa também lhe tem cortado um pouco a sua margem de progressão.