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Ribeiro Cristóvão

E vão onze

16 jan, 2012 • Ribeiro Cristóvão

"Agora, com um enorme fosso a separar os leões da candeia encarnada que vai à frente, a estrada começa a ser cada vez mais estreita, e as dúvidas amontoam-se no seio de uma família cheia de contradições".

A coincidir com o virar de página do calendário do nosso principal campeonato de futebol o Sporting deu um trambolhão em Braga, caindo com grande estrondo do pódio onde se mantinha há algum tempo, e parecendo ter dito adeus à esperança que chegou a transmitir aos seus adeptos de este ano lutar seriamente pela conquista do título, taco-a-taco com os seus mais directos adversários e rivais de sempre.

É esta a nota mais saliente a juntar ao facto de o Sporting nos últimos sete jogos apenas ter logrado alcançar uma vitória, situação que faz despontar no horizonte leonino carregadas nuvens cor de cinza, que não deixarão de preocupar seriamente os seus  principais responsáveis.

Há um ano, com o treinador Paulo Sérgio à frente da equipa, o plantel não fez pior.

Então, e perante reconhecidas insuficiências que permaneciam, foi decidido operar uma revolução para a qual viria também a contribuir um agitado período eleitoral, que culminou com a escolha de uma equipa determinada, para assim dar um safanão na rotina.

E, para começar, aconteceu a contratação de um novo treinador.

Os atributos e o já muito interessante currículo de Domingos Paciência colocavam-no à frente de todos os nomes e davam uma preciosa ajuda ao regresso da esperança perdida.

A essa vinda tão desejada começaram depois a juntar-se nomes, nem sempre muito sonantes, mas com o selo de garantia de quem conhece bem o mercado e nele interfere com regularidade e sucesso.

Começavam assim a ficar reunidas condições que nem um começo titubeante de temporada tornou menos positivas.

Paços de Ferreira ficou então como o momento do grito da revolta parecendo, a partir daí, que era possível iniciar uma nova vida.

Afinal o sonho não durou muito.

E agora, com um enorme fosso a separar os leões da candeia encarnada que vai à frente, a estrada começa a ser cada vez mais estreita, e as dúvidas amontoam-se no seio de uma família cheia de contradições.

Com o campeonato em situação desesperada, a Taça de Portugal tornou-se mais num pesadelo do que num projecto, e nas demais competições a situação não se reveste de maior brilho.

Não era deste Sporting que o futebol português necessitava para os novos tempos.

E não é fácil prever que ainda vá a tempo de salvar uma época que poderá, ao contrário, vir a transformar-se num pesadelo.