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Ribeiro Cristóvão

Encantos da Taça

05 dez, 2011 • Ribeiro Cristóvão

É verdade que os três grandes açambarcam o maior número de troféus conquistados, mas também tem sido frequente a intromissão de equipas de menor dimensão nas fases mais adiantadas.

Encantos da Taça

A Taça de Portugal será sempre uma competição diferente de todas as outras.

Antes de mais pela forma abrangente como trata uma fatia importante de todos os clubes que tomam parte nos mais diversos escalões do futebol português, depois pela imprevisibilidade que o desfecho de cada edição provoca.

É verdade que os três grandes açambarcam o maior número de troféus conquistados, mas também tem sido frequente a intromissão de equipas de menores dimensões nas fases mais adiantadas, não chegando mesmo os dedos de duas mãos para somar o número daqueles que já tiveram o privilégio de erguer o troféu em pleno Vale do Jamor.

Este ano, com a porta escancarada para os quartos de final estão já Moreirense, Oliveirense e Desportivo das Aves, todos da Liga de Honra, Marítimo, Nacional, Académica, Olhanense e Sporting que despachou o Belenenses no jogo do bota fora, da divisão principal.

Pelo caminho, ficaram assim equipas que disputaram o primeiro jogo com o pensamento na possibilidade de chegar à final, em especial duas delas, crónicas vencedoras, Futebol Clube do Porto e Benfica.

Se é verdade que o afastamento dos portistas pela Académica constituíra já um escândalo e fizera aumentar a ameaça de uma crise de consequências imprevisíveis, entretanto estancada a tempo pelos jogadores, a eliminação do Benfica aos pés do Marítimo constituiu um escândalo a fazer soar as trombetas para as bandas do estádio de Luz.

Esta inesperada situação coloca problemas diversos, sobretudo a Jorge Jesus e a Luis Filipe Vieira, pelo que representa quanto a objectivos não alcançados.

Uma vitória no campeonato há dois anos, e conquistadas duas Taças da Liga, um título por enquanto considerado menor, traduzem um fraco saldo para um projecto que se anunciava ambicioso, e para cuja consecução o Benfica fez um investimento considerável.

Mesmo que os dois principais rostos desse projecto tentem agora desvalorizar o “acidente” tido na Taça de Portugal, prometendo a sua rápida compensação com vitórias noutras frentes, sobretudo no campeonato e na Liga dos Campeões, a verdade é que a águia está já ferida de asa.

Sem ter participado na Supertaça, fora da Taça de Portugal, e sem garantias de êxito nas outras competições por que ainda se bate, a estrada a percorrer pelo Benfica está a tornar-se mais estreita, e cheia de obstáculos cada vez mais difíceis de transpor.