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Ribeiro Cristóvão

Saudades

11 nov, 2011 • Ribeiro Cristóvão

No dia em que assinala o seu centenário, o Lusitano de Évora é um clube em agonia. A cidade virou-lhe as costas, o número de associados é reduzido, e a participação em competições oficiais está em risco.

Faz hoje cem anos um dos mais prestigiados clubes portugueses, o Lusitano Ginásio Clube. Tratado por este nome, afinal a designação correcta, muitos dos que nos lêem nem sequer saberão que se trata de uma das mais antigas colectividades portuguesas, que durante vários anos elevou a cidade de Évora à condição de capital alentejana do futebol. 

Nos anos cinquenta, o Lusitano permaneceu na primeira divisão durante épocas a fio, tendo obtido classificações de relevo que a categoria de alguns dos seus jogadores justificava. Patalino, nascido para o futebol noutro clube alentejano, o Elvas, foi a sua principal estrela, a que se juntaram então Vital, José Pedro, José Valle, Di Paola, Teotónio, Batalha, e tantos outros.

Nesse tempo, jogar no campo “Estrela” significava, sobretudo para os grandes, ter de enfrentar enormes dificuldades, não tendo sido poucas as vezes que de lá saíram sem qualquer ponto conquistado.

No dia em que assinala o seu centenário, o Lusitano de Évora é um clube em agonia. A cidade virou-lhe as costas, o número de associados é reduzido, e a participação em competições oficiais está em risco. Nada disto causa estranheza. O futebol português está a caminho de um beco sem saída que, mais dia menos dia, atingirá outros dos que ainda hoje pensam que é possível sobreviver.

Para já, estão em causa os clubes dos escalões inferiores. Mas não tardará que o mal alastre a outros cuja situação financeira começa igualmente a deixar indícios de que é impossível o retorno aos tempos da prosperidade.