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Ribeiro Cristóvão

Não havia necessidade

09 nov, 2011 • Ribeiro Cristóvão

A entidade europeia responsável pela organização deste play-off sabe de tudo isto mas, até ao momento, não fez qualquer diligência tendente a evitar danos irreparáveis, o maior dos quais a traição à verdade do jogo.

Há unanimidade em torno de uma questão levantada nos últimos dias à volta da selecção, que tem agora pela frente dois compromissos difíceis e dos quais depende a sua presença no Campeonato da Europa do próximo ano: o affaire Bosingwa chega numa altura nada recomendável, e por isso devia ter sido evitado.

Já nos bastavam os problemas levantados pelas deficientes condições que vão rodear a presença dos nossos jogadores na Bósnia Herzegovina.

Primeiro, porque o jogo vai ser disputado num estádio que a UEFA levianamente aprovou e ao qual faltam todos os requisitos para receber uma partida de tamanha importância, depois porque os adeptos locais já deram o mote sobre o comportamento que vão adoptar e manter à volta da selecção portuguesa, hostilizando-a até ao limite, dentro e fora do campo, antes, durante e depois do desafio.

A entidade europeia responsável pela organização deste play-off sabe de tudo isto mas, até ao momento, não fez qualquer diligência tendente a evitar danos irreparáveis, o maior dos quais a traição à verdade do jogo.

Era, assim, totalmente escusada a última polémica vinda para a praça pública com o contributo de um jogador despeitado, e do seleccionador que abriu as portas a mais um problema, igual a muitos outros que o futebol português repete com inusitada frequência.

Bosingwa é, na actualidade e por consenso quase geral, o actual melhor defesa direito do futebol português, que o seleccionador, do alto seu critério, entendeu não convocar.

Problemas antigos, mas nunca explicados, cavaram um fosso que, mais do que nunca, se tornou intransponível.

E, perante uma inoportuna troca de acusações, passámos a estar mais concentrados nesta polémica do que propriamente no compromisso difícil de sexta-feira.
 
Há culpas de ambos os lados.

O que se espera é que tudo isto não venha a gerar intranquilidade no grupo que nos vai representar e, sobretudo, não arraste consigo consequências irremediáveis, das quais todos teríamos mais tarde de nos lamentar.