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Ribeiro Cristóvão

O sorteio

23 jun, 2015 • Ribeiro Cristóvão

São vários os males que grassam na arbitragem portuguesa e não vai ser o sorteio a resolvê-los.

Como se já não bastassem todas as polémicas que andam por aí a alimentar a enorme clientela do defeso, com diversos nomes de jogadores a saltarem para a ribalta, eis que acaba de ser descoberto um novo filão, que respeita à possibilidade de voltarmos a ter sorteio de árbitros para os desafios dos nossos campeonatos profissionais de futebol.

Os mais antigos, sobretudo, ainda guardam boa memória de como tudo se passou no consulado de Fernando Marques, um homem probo e sério, quando exerceu funções de presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, no início da década de 90.

É que o método então adoptado não apenas criou as maiores clivagens entre os agentes do futebol, como acabou por gerar tais desconfianças que houve necessidade de voltar à estaca zero.

Em relação ao que agora se passa há uma diferença substancial. Ou seja, enquanto naquele tempo se desconfiava dos árbitros, agora o visado por esse aspecto essencial é Vítor Pereira, o presidente da entidade que gere o sector. E, sobretudo, porque os critérios que tem seguido nos últimos tempos são analisados com desconfiança, para não lhe chamar uma coisa mais picante.

E, depois, é preciso também olhar para o que acaba de passar-se com a classificação dos juízes relativa à temporada agora finda.

Olegário Benquerença, que até chumbou num teste escrito a meio do ano, aparece em terceiro lugar e, logo a seguir, João Capela, que assinou uma série de desempenhos dignos da nota mais negativa.

Há, neste campo, um longo e aturado trabalho a desenvolver, pelo que não será o sorteio a resolver todos os males que grassam na arbitragem portuguesa.

Por isso, esperemos para ver o destino que está reservado à mais recente proposta que agitou o mercado, e promete ainda uma longa e, se calhar, pouco profícua discussão.