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Ribeiro Cristóvão

José Viterbo

26 mar, 2015 • Ribeiro Cristóvão

O nome era-me desconhecido, mas saúdo o seu trabalho e os resultados obtidos, que comportam também uma lição para muitos dos nossos dirigentes.

Reconheço a lacuna, que me perdoe o próprio e o Clube que devotadamente serve há dezenas de anos, a Associação Académica de Coimbra, mas o nome de José Viterbo era-me praticamente desconhecido até há algumas semanas.

De há muito que se aguardava uma chicotada psicológica no mais importante clube da cidade do Mondego. Os resultados não passavam da cepa torta, as exibições da equipa eram demasiado frouxas e as mais realistas previsões não auguravam nada bom aos estudantes, quando a temporada viesse a cerrar os taipais.

Esse dia chegou, finalmente. E assim, no dia 15 de Fevereiro, após o empate da Académica, em casa, com o Boavista, consumou-se a ruptura que pairava no horizonte.

Com esse jogo completava-se então a 21ª jornada, finda a qual os estudantes caíam para baixo da linha de água, somando 15 pontos conquistados, apenas mais dois do que o lanterna vermelha, Penafiel.

Dotada, como quase todas as demais, de parcos recursos, a SAD da Académica teve que lançar mãos das disponibilidades da casa, para com isso tentar salvar uma situação que cada vez mais se tornava desesperada.

E é aí que surge o nome de José Viterbo. Aos 52 anos, até à altura no comando dos sub-23 dos estudantes, o treinador aceitou o desafio e saltou para a liderança de um projecto ao qual parecia restarem escassas possibilidades de salvação.

E aconteceu aquilo que os adeptos da Briosa talvez não esperassem mas desejavam: nas cinco jornadas seguintes, três vitórias e dois empates, a que correspondem 11 pontos, em grande parte averbados em estádios alheios.

Por entre uma renascida tranquilidade, nesta altura a situação é bem mais desafogada, e até já se pode dizer que, para a Académica, o perigo de despromoção está por ora afastado.

Saúde-se, por tudo isto, o trabalho desenvolvido e os resultados alcançados no consulado de José Viterbo, o que também comporta uma lição para muitos dos nossos dirigentes.

Quantas vezes, em situações desesperadas, procuram alternativas sem curar de saber que o remédio para alguns males está, afinal, dentro da própria casa.