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Ribeiro Cristóvão

Exemplo grego

26 fev, 2015

Aquele membro do elenco liderado por Alexis Tsipras, reforçou no entanto a determinação incontornável de acabar com a violência nos estádios de futebol, acrescentando que será inflexível na tomada de medidas futuras certamente bem mais gravosas.

Apesar do recuo do governo grego, que chegou a anunciar medidas muito severas destinadas a reprimir a violência nos estádios de futebol, o que ficou é ainda assim um aviso muito sério dirigido aos adeptos daquele país.

Na Grécia, são frequentes os casos de tumultos no futebol, muitas vezes de consequências lamentáveis com atentados à integridade física dos espectadores, e não apenas daqueles que partilham simpatias pelos clubes de maior dimensão e projecção.

No último fim-de-semana, o clássico mais “quente” da Grécia colocou frente a frente os emblemas mais poderosos de Atenas, Panathinaikos e Olympiakos, perante um estádio a abarrotar e fervilhando de expectativa e emoção.

Bastou um gesto pouco sensato do treinador português Vitor Pereira para incendiar o ambiente, e provocar confrontos capazes de causar estragos incalculáveis a todos níveis. Tornou-se assim inevitável impedir a realização do jogo e apurar responsáveis pelos desacatos.

Como se isto não bastasse, chamados a uma reunião na Liga de Clubes para tentar pacificar o ambiente, os dois presidentes dos clubes em causa envolveram-se numa forte discussão, acabando por se agredir mutuamente na sede daquele organismo, em Atenas.

Perante tão lamentáveis ocorrências, o novo governo helénico actuou sem demoras, tendo o ministro dos desportos anunciado a suspensão, por tempo indeterminado, de todos os campeonatos profissionais, e proposto a adopção de medidas radicais. Entre estas, a venda de bilhetes electrónicos para melhor identificar os seus compradores, a abolição das claques dos clubes, e a instalação de câmaras de vídeo-vigilância nos recintos.

Poucas horas depois, certamente receando enfrentar a força do futebol, o mesmo ministro acabaria por suavizar as medidas antes anunciadas, suspendendo apenas o campeonato da primeira Liga e por uma semana.

Aquele membro do elenco liderado por Alexis Tsipras, reforçou no entanto a determinação incontornável de acabar com a violência nos estádios de futebol, acrescentando que será inflexível na tomada de medidas futuras certamente bem mais gravosas.

A decisão do governo da Grécia chega em boa altura. E não deixa de constituir também um exemplo e sinal de alerta para outros parceiros europeus que, muitas vezes, com benevolência ou temor, são intérpretes de uma enorme passividade com tudo quanto tem a ver com a violência no desporto.