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Ribeiro Cristóvão

A cor dos cartões

06 jan, 2015

Por norma, Benfica, Porto e Sporting, embora mais uns que outros, passam por serem bastas vezes objecto de tratamento diferenciado. E, convenhamos, há toda a razão para assim pensar, pois os exemplos são incontáveis e visíveis em repetidas ocasiões.

A pusilanimidade de uma grande maioria dos árbitros portugueses, incluindo alguns que beneficiam do estatuto de internacional, é sobejamente conhecida e não raras vezes alvo de críticas dos agentes e adeptos do futebol.

E por isso faz parte de um conceito muito abrangente a ideia segundo a qual essa faixa de juízes de campo adopta critérios diferentes nas suas actuações de acordo com a cor das camisolas e os emblemas nelas reflectidos.

Por norma, Benfica, Porto e Sporting, embora mais uns que outros, passam por serem bastas vezes objecto de tratamento diferenciado. E, convenhamos, há toda a razão para assim pensar, pois os exemplos são incontáveis e visíveis em repetidas ocasiões.

Um outro aspecto que serve amiúde para apontar o dedo acusatório a alguns árbitros tem a ver com a ligeireza com que esses mostram com toda a facilidade e pela primeira vez o cartão amarelo, esquecendo-o depois no bolso em circunstâncias em que o respeito pela lei obrigaria à repetição do gesto punitivo da primeira infração.

Também se sabe, dizem as estatísticas, que os árbitros portugueses mostram o dobro dos cartões dos seus parceiros espanhóis, sendo por vezes até escandalosa a contagem final em alguns desafios que, por esse prisma, poderiam ser considerados verdadeiras batalhas campais.

Vem esta reflexão a propósito de quê? Foi o que nos veio à ideia quando no domingo, em Valência, o mais recente reforço da equipa de Nuno Espírito Santo viu, no seu jogo-estreia, o primeiro cartão amarelo aos 28 minutos da primeira parte. Enzo Peres ter-se-á dirigido em termos menos próprios ao juiz, que acabara de lhe assinalar uma falta sobre um adversário. Passar-se-ia o mesmo com este jogador em Portugal?

Enzo Peres viu na nossa Liga apenas cinco amarelos, um número que entronca na afirmação anterior segundo a qual os três grandes têm, entre nós, um tratamento diferenciado.

Mas não há volta a dar-lhe. A situação real é esta e não se perfilam mudanças no horizonte. Infelizmente.