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Ribeiro Cristóvão

Ter memória

03 dez, 2014 • Ribeiro Cristóvão

É justo não esquecer Barcínio Pinto, sobretudo agora que nos deixou por entre quase silêncios, num tempo em que os valores são cada vez relegados para o esquecimento.

Quando o futebol ainda era um desporto para cavalheiros houve um dirigente chamado Barcínio Pinto, Vice-Presidente do Clube de Futebol Os Belenenses durante vários anos, quando a década de oitenta estava prestes a fazer as despedidas.

Foi no decurso do seu mandato que os azuis da Cruz de Cristo ganharam o último troféu, dos m ais relevantes e que maior impacto tem na sua história recente, a Taça de Portugal.
Márinho Peres, esse brasileiro nosso irmão, que contava por amigos quantos o conheciam, foi então o comandante do esquadrão azul que, numa tarde de sol, em pleno Vale do Jamor, obrigou o Benfica a curvar-se perante a sua maior determinação.

Mas tal proeza foi apenas o remate final de outras também alcançadas no ano de 1989.
Antes dessa final, o Belenenses já havia deixado pelo caminho Futebol Clube do Porto e o Sporting de Clube, na consecução de uma carreira que poderá ter sido das mais brilhantes do clube do Restelo.

O Belenenses habituou-nos desde sempre a juntar ao seu emblema figuras respeitáveis, tanto dentro como fora dos estádios.
Matateu foi, sem dúvida, o nome mais sonante e o seu maior emblema.
Acácio Rosa deixou no dirigismo uma marca de altíssima qualidade, apontada muitas vezes como exemplo a muitos outros que teimavam em trilhar caminhos diversos.

Mas é justo não esquecer Barcínio Pinto, sobretudo agora que nos deixou por entre quase silêncios, num tempo em que os valores são cada vez relegados para o esquecimento.
Barcínio Pinto, juntou à classe de dirigente a de cavalheiro sem limites, um daqueles que só muito raramente passam pelo futebol.

Recordá-lo é, por isso, um acto de justiça e, mais do que isso, uma homenagem de quantos que desfrutaram da fidalguia do seu trato e tiveram a felicidade de poder partilhar o seu convívio.