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Ribeiro Cristóvão

Selecção sem vícios

02 abr, 2014

Li há poucos dias, de um humorista brasileiro, a mais engraçada tirada dos tempos mais recentes sobre a selecção do seu país: “a selecção brasileira –dizia ele- é uma selecção sem vícios: não fuma, não bebe, nem…joga”.

Para aqueles que consideram o escrete como o grande favorito à conquista do caneco no próximo mês de Julho, aquilo que pretende ser uma piada, não passa de uma provocação, ou até mesmo de uma ofensa.

Então Luis Filipe Scolari, o grande pregoeiro dessa pré-anunciada façanha, terá sido mesmo quem entendeu como menos interessante a graçola do seu compatriota.

Há algum fundo de verdade na piada tão ao jeito e ao gosto dos brasileiros. De facto, as exibições de que a sua selecção tem sido protagonista continuam longe de agradar a milhões dos seus seguidores, contrapondo a isto, para agravar ainda mais as expectativas, o poderio que algumas selecções europeias e sul-americanas, como são, por exemplo, os casos da Alemanha e da Argentina, continuam a revelar.

Juntando a manta de retalhos em que está transformada a “canarinha”, sobressai Neymar, o homem em quem todos depositam a maior confiança, esperando que seja ele, sozinho, a resolver todos os problemas que a esperam a partir de meados de Junho.

É verdade que em 1958 também havia Péle, mas a esse menino-mago da bola, juntavam-se outros indiscutíveis talentos que ajudavam a fazer a diferença, sobretudo Garrincha, o homem das pernas tortas, que punha a cabeça em água ao defesa o mais intrépido que teimasse em lhe aparecer pela frente.

Não gostaria que algum dos nossos inspirados humoristas se saísse um dia destes com uma piada semelhante à do seu colega brasileiro.

Mas, deste ou de outro teor, é muito provável que venhamos a ter quem seja capaz de criar imagens capazes de nos fazer rir. 

Por exemplo, o estilo meio ridículo com que se apresenta Raúl Meireles, é bem capaz de se transformar num excelente motivo de inspiração.