Ribeiro Cristóvão
O Capitão tombou
25 fev, 2014 • Ribeiro Cristóvão
Depois de Eusébio, chorado por um país inteiro que considerava o astro moçambicano como seu sem olhar à cor da camisola que sempre vestiu, é agora o tempo de também de recordar Mário Coluna e celebrar uma vida íntegra dedicada ao serviço do futebol que hoje chegou ao fim.
No curto espaço de cinquenta dias o Benfica perdeu dois dos maiores símbolos da sua história secular.
Depois de Eusébio, chorado por um país inteiro que considerava o astro moçambicano como seu sem olhar à cor da camisola que sempre vestiu, é agora o tempo de também de recordar Mário Coluna e celebrar uma vida íntegra dedicada ao serviço do futebol que hoje chegou ao fim.
Aquele que foi, sem dúvida, o capitão mais carismático que alguma vez tiveram tanto o Benfica como a selecção nacional, não resistiu à doença que o roubou ao convívio dos seus familiares e amigos no hospital de Maputo, para onde entrara há poucos dias antes já sem grandes esperanças de poder resistir ao mal que lhe minava a saúde.
Tendo feito a opção legítima de regressar à sua terra natal pouco depois do 25 de Abril, Mário Esteves Coluna continuou no entanto a ser sempre um dos nossos, porque seria injusto e especialmente ingrato esquecer os bons serviços por ele prestados em defesa da camisola do seu clube e, sobretudo da selecção nacional.
Foi um capitão exemplar e único, dentro e fora do campo, com testemunharam sempre, ao longo dos anos, aqueles que o acompanharam na construção de sucessos inesquecíveis, porventura o maior dos quais o terceiro lugar no Campeonato do Mundo de 1966.
Homem parco em palavras, transmitia no entanto através dos seus gestos e do seu olhar, o rigor que sempre imprimiu à sua carreira, e que fizeram dele um jogador exemplar a quem todos deviam respeito.
Deixou a sua marca no Benfica, ao ajudar a vencer duas Taças dos Campeões Europeus e dez campeonatos nacionais, a que juntou também sete Taças de Portugal.
Terminada a sua carreira seria ainda treinador, seleccionador e Presidente da Federação moçambicana, num permanente serviço ao futebol, que apenas cessou quando a saúde lhe começou a fazer negaças.
A memória de Mário Esteves Coluna vai continuar a ser celebrada por todos nós, especialmente por aqueles que tiveram o privilégio de o ver jogar.
E, esses, sabem que como vai ser difícil arranjar um sucessor digno de também poder vir a ser chamado “monstro sagrado do futebol português”.