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Ribeiro Cristóvão

Hábitos velhos

27 jan, 2014 • Ribeiro Cristóvão

É altura de começar a fazer alguma coisa no sentido de que haja uma mudança em velhos costumes que não se coadunam com os novos tempos.

Hábitos velhos

O futebol português voltou a descer a níveis do terceiro mundo na jornada da Taça da Liga, disputada no último fim-de-semana. A falta de coordenação patente na realização dos dois desafios mais importante de sábado, no Dragão e em Penafiel reflectiu, mais uma vez, o amadorismo que é transversal a muitos responsáveis encarregados de fazer cumprir os regulamentos desportivos.

Por outro lado, o que aconteceu relativamente à transferência do jogo Benfica-Gil Vicente para o estádio do Restelo, também veio reforçar essa ideia, criando um caso que só não teve maior repercussão por se tratar de um desafio que apenas se destinava a cumprir calendário, e ainda porque os dirigentes de Barcelos entenderam dar por encerrado o assunto sem que do mesmo resultassem consequências de maior.

Mais grave e objecto de discussão, que se vai prolongar certamente ainda por muitos dias, é o facto de os jogos do Dragão e de Penafiel não terem principiado respeitando o mesmo horário, como determinam os regulamentos.

Esteve aqui à vista a falha de árbitros e delegados ao desafio FC Porto-Marítimo, que revela,  sobretudo, uma enorme incompetência.

Quem assiste com regularidade aos jogos organizados pela UEFA constata facilmente que não se registam lapsos em relação à hora a que deve soar o primeiro apito do juiz.

E não é necessário recorrer a tão sofisticados meios tecnológicos que não possam ser igualmente utilizados nos estádios portugueses.

De todos, neste caso, o menos culpado é o Futebol Clube do Porto que apenas se limitou a tirar partido das circunstâncias criadas pelo desleixo ou ignorância de quantos superentendiam no jogo: delineou uma estratégia e da mesma recolheu dividendos.
Voltou-se, assim, ao século passado e aos anos 50, quando casos como este estiveram na origem de escândalos que ainda hoje são recordados como grande motivo de escárnio.

A Liga de Clubes não pode agora vir colocar-se fora do que se passou, sob pena de contribuir para a descredibilização galopante do futebol português. Pelo contrário, exige-se uma actuação rápida e eficaz que ajude a esclarecer alguns aspectos, por ora ainda pouco claros.

O futebol português tem cultivado o hábito de deixar a culpa morrer solteira. É altura de começar a fazer alguma coisa no sentido de que haja uma mudança em velhos costumes que não se coadunam com os novos tempos.