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Ribeiro Cristóvão

Prémio limão

14 out, 2013 • Ribeiro Cristóvão

O que aconteceu em Alvalade ultrapassou todos os limites.

Prémio limão

Os 50 mil espectadores que fizeram questão de se deslocar a Alvalade para apoiar a nossa selecção e empurrá-la para uma exibição e vitória redentoras de um passado cinzento, não tiveram outro remédio senão atribuir o prémio limão a um grupo incompetente que demonstrou ser incapaz de ganhar mais do que dois em seis pontos disputados a adversários que no ranking da FIFA deixam a perder de vista de forma inquestionável (Portugal-11º Israel-69º).
 
Em nove desafios da fase de apuramento para o mundial de futebol, a selecção portuguesa apenas em alguns fugazes períodos conseguiu produzir futebol de qualidade e, mercê disso, alcançar resultados a condizer.

Foi assim possível, num Grupo onde entrámos na condição de grandes favoritos, chegar aos 18 pontos que agora se constituem como um balão de oxigénio que permite manter a respiração por pelo menos mais um mês, até que chegue esse indesejável play-off que, pelo que se tem visto, mais parece destinado a proporcionar-nos novo desencanto.

O que aconteceu em Alvalade ultrapassou todos os limites. Durante noventa minutos o que se viu foi um grupo amorfo, sem ideias, sem brio, e incapaz de levar por diante a missão que lhe estava confiada e que era, simplesmente, a de ganhar a Israel e confirmar que o futebol daquele país não faz parte da tribo de elite a que Portugal tem pertencido nos últimos tempos.

Empatar foi mau? Não o tendo sido de todo, foi sobretudo um aviso para quantos julgam que o Brasil está ali mesmo à mão.
Pelo contrário, a sombria exibição de Alvalade veio lançar mais sombras sobre esse desejável apuramento, porque até o conseguir há ainda muito a provar. E até aqui a selecção portuguesa mostrou muito pouco.

O problema é o de sempre: se Cristiano Ronaldo consegue vir ao de cima, as insuficiências ficam mais esbatidas, e reina a tranquilidade.

Caso contrário, a vil tristeza que nos tem perseguido, dá invariavelmente o mote para renovadas angústias. A tudo isto juntam-se também algumas escolhas do responsável, conservadoras e discutíveis e quase sempre ao arrepio de opiniões que iam entretanto chegando de fora.

Continuar a apostar em jogadores que se têm revelado incapazes, e alguns dos quais remetidos até nos seus clubes para actores secundários, só para manter o núcleo duro, em detrimento de outros em quem talvez valesse a pena fazer novas apostas, tem sido, reiteradamente, o calcanhar de Aquiles desta campanha desluzida.

Só que, agora, estamos perante um quadro que nos diz ter já passado o tempo de fazer essa ruptura, porque a fase que aí está é a do "mata-mata", a qual não permite cavalgar novas experiências.

Espera-nos Coimbra nesta terça-feira, mas já sem o fulgor e o frenesim da semana que findou. Ainda assim, e apesar das classificações estarem praticamente definidas, talvez valha a pena alimentar novas expectativas.

Porém, subsiste a dúvida: quem não conseguiu ganhar a Israel, será capaz de fazer muito mais contra o Luxemburgo?Aguardemos, desconfiados, como convém...