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Francisco Sarsfield Cabral

A crise da construção

11 mar, 2013

Construíram-se casas a mais; para cada três famílias portuguesas existem, em média, duas habitações. Como se construíram auto-estradas a mais; em várias delas passam escassos carros.

O sector da construção civil atravessa uma profunda crise. É o que mais contribui para o alto nível de desemprego que actualmente se regista no país. Por isso, o Governo fez bem em anunciar medidas para relançar esta actividade.

Medidas como pôr o Estado (incluindo câmaras) a pagar sem os enormes atrasos habituais, ou apostar na reabilitação urbana, área até hoje desprezada entre nós, ao contrário do que acontece na Europa em geral.

Mas não haja ilusões. Chegou-se à presente crise não apenas por causa da austeridade imposta pelos credores do país. Factor determinante foi o excesso de construção e obras públicas que se verificou em anos anteriores – e que não se repetirá.

Construíram-se casas a mais; para cada três famílias portuguesas existem, em média, duas habitações (sendo que há famílias que não têm casa alguma). Como se construíram auto-estradas a mais; em várias delas passam escassos carros (como era de prever, mesmo sem crise).

Convém que os políticos e os empresários da construção civil no futuro tenham mais atenção e mais bom senso, para evitar dramas como o actual.