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Francisco Sarsfield Cabral

Os militares e a política

27 fev, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Salazar conseguiu controlar a influência dos militares, mas sempre dependeu deles. E eram militares os dois Presidentes da República que sucederam a Carmona. A reforma das Forças Armadas precisa que os políticos façam pedagogia.

Os militares estão insatisfeitos. Quem o não está? Mas os militares têm armas. Uma das raízes dessa insatisfação é o facto de se ter desvanecido a hipótese de um golpe militar, desde que Portugal aderiu à CEE (Comunidade Económica Europeia), hoje EU (União Europeia), há quase trinta anos.

Desde o início da monarquia liberal, em 1833, até ao 25 de Abril de 1974 (um golpe militar...) as Forças Armadas (FA) estiveram no centro da política nacional. Salazar conseguiu controlar a influência dos militares, mas sempre dependeu deles.

Sem o general Carmona, Salazar não se teria mantido no poder. E eram militares os dois Presidentes da República que sucederam a Carmona.

Ora, hoje, os militares sabem que qualquer golpe anti-democrático isolaria o país.

Entretanto, acabou o serviço militar obrigatório; as FA são profissionais. Mas o legado das guerras coloniais ainda se manifesta no excesso de oficiais em relação ao número de soldados. E na desproporção entre gastos no equipamento e no pessoal.

A reforma das FA ainda tem um longo caminho a percorrer. E precisa que os políticos façam a pedagogia da importância das FA num país como Portugal.