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Francisco Sarsfield Cabral

A ditadura do imediato

10 dez, 2012

Tem-se dito muitas vezes, e é verdade, que a economia actual está demasiado virada para o curto prazo.

A ditadura do imediato
As políticas estatais partem de governantes que, regra geral, querem ser reeleitos nos próximos dois ou três anos. O longo prazo fica esquecido, acarretando o risco de as políticas seguidas terem efeitos aparentemente benéficos no imediato, mas serem nocivas depois.

Os gestores das empresas também sofrem frequentemente da mesma falta de visão para além do curto prazo. Isso acontece sobretudo quando as remunerações dos gestores estão ligadas às cotações bolsistas trimestrais das acções das empresas que dirigem.

Entre nós o predomínio do curto prazo na área política é visível. Teodora Cardoso, uma das melhores economistas portuguesas, disse há dias que as privatizações em Portugal entre 1995 e 2000 não funcionaram por causa da “miopia orçamental, baseada em orçamentos anuais: ninguém pensava nas consequências disso mais tarde”. E T. Cardoso também defendeu uma revolução na Administração Pública, que terá de ser “muito qualificada”. O que só se consegue com tempo.