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Francisco Sarsfield Cabral

O Egipto em convulsão

29 nov, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

Depois de ter mostrado habilidade para apaziguar os ânimos no seu país e em Gaza, o novo Presidente egípcio lança um decreto polémico, que fez regressar milhares à praça Tahir.

O Egipto em convulsão
Já se sabia que a “revolta árabe” só depois de ultrapassar muitos obstáculos poderia conduzir a um regime próximo da democracia. O que se passa no Egipto, o país árabe mais populoso, ilustra as dificuldades de uma eventual transição democrática.

O Presidente Morsi, da Irmandade Muçulmana (um partido islâmico, mas não extremista, como são os radicais salafitas) mostrou habilidade no início do seu mandato.

Por exemplo, impôs-se às Forças Armadas, que desde a independência mandaram no Egipto. E recentemente ganhou o aplauso geral ao mediar o conflito entre Israel e o Hamas, conseguindo um cessar-fogo.

Mas depois desse sucesso – há quem diga que por causa dele – Morsi publicou um decreto colocando as suas decisões como Presidente acima da lei e da justiça, “para defesa da revolução”.

A praça Tahir (cujas manifestações levaram à queda de Mubarak em Fevereiro de 2011) voltou a encher-se de manifestantes, agora contra Morsi, provocando mortos e feridos.

Aumentou, assim, o risco de os militares retomarem o poder no Egipto. Ou de que a lei islâmica seja a lei do Estado.