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Francisco Sarsfield Cabral

O mau exemplo argentino

26 nov, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

Argentina avista nova bancarrota, depois ter passado por uma taxa de desemprego de 25% e de a população ser impedida de levantar grandes montantes de dinheiro das suas contas.

O mau exemplo argentino
A Argentina é invocada pelos que defendem que Portugal force os credores a uma renegociação da dívida. Mas há uma diferença essencial: nós estamos no euro e a Argentina acabou, em 2001, com o câmbio fixo da sua moeda em relação ao dólar, mas manteve-a.

A desvalorização do peso permitiu à economia argentina recuperar de uma profunda recessão. Nesta, o desemprego chegou aos 25% da população activa, os salários (descontada a inflação) desceram para os níveis mais baixos dos últimos 60 anos e os depositantes apenas podiam levantar nos bancos pequenas quantias do seu dinheiro.

Mas a inflação disparou na Argentina com a desvalorização cambial (aliás, os números oficiais da alta de preços naquele país são pouco credíveis). O que complicou a negociação com os credores, que leva uma década.

Alguns aceitaram reestruturar a dívida argentina, outros não – como os que, na semana passada, viram aprovada por um tribunal de Nova Iorque a sua exigência de receber do Estado argentino 1,3 mil milhões de dólares.

Uma nova bancarrota argentina desenha-se no horizonte. É exemplo a não seguir.