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Opinião

Democracia e boa educação

29 mar, 2011 • Francisco Sarsfield Cabral

No debate parlamentar sobre o PEC IV, que levou à demissão do primeiro-ministro, Sócrates abandonou o hemiciclo logo após o primeiro discurso, que coube ao seu ministro das Finanças. E Teixeira dos Santos também saiu da sala quando Manuela Ferreira Leite iniciou a sua intervenção.

Estas saídas do plenário da Assembleia da República foram vistas por alguns comentadores como manifestações de desprezo pela democracia, que tem no Parlamento o seu símbolo maior. É verdade: não são atitudes democráticas. Mas são também indícios de grosseria, de má educação.

Ora, para funcionar com alguma eficácia, o sistema democrático exige um mínimo de civilidade. A democracia é uma forma de concordar em discordar. Ou seja, em vez de se procurar derrotar os adversários pela força, na democracia representativa aceitam-se opiniões e posições diferentes das nossas no debate público, embora devamos lutar com argumentos racionais para as vencer. O que implica alguma boa educação, respeitando o adversário político e não insultá-lo ou menosprezá-lo, como agora aconteceu.