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Opinião

Táctica partidária

15 mar, 2011 • Francisco Sarsfield Cabral

Sócrates negociou um novo e violento pacote de austeridade com a Comissão Europeia, o BCE e, sobretudo, Angela Merkel. Em Portugal, só o revelou ao PSD depois do facto consumado. Ao Presidente da República, nem isso.

Este PEC 4 desmente o optimismo do Governo quanto à execução orçamental. A previsão de crescimento do PIB em 2011 era irrealista e a alta do petróleo só nos prejudica.

No PEC 4, Sócrates incluiu duas medidas que o PSD havia expressamente rejeitado na negociação do Orçamento. É ridículo julgar que Sócrates se distraiu, não prevendo a crise política que provocaria.

Pelo contrário, tudo indica que as coisas foram feitas de maneira a colocar o líder do PSD numa situação difícil. Ou Passos Coelho aceitava a humilhante imposição de Sócrates, perdendo qualquer credibilidade dentro e fora do partido; ou recusava, como parecia inevitável, e então Sócrates e o PS iriam vitimizar-se e acusar o PSD e o CDS de terem recusado um fantástico plano para salvar as finanças do país. Já o estão a fazer.

Ou seja, Sócrates colocou a táctica partidária à frente do bem do país.