Em Itália, sentença controversa mostra interesse pelo bem público. Por cá, Magistrados do Ministério Público ameaçam com greve antes de lerem proposta de Orçamento e mantêm silêncio face a uma violação do segredo de justiça.
Em Itália, foram condenados a prisão seis cientistas e um ex-dirigente da protecção civil por não terem alertado para o risco de terramoto na região de Áquila.
Depois de consultar os cientistas, aquele dirigente tranquilizou as pessoas. Por isso, muitas delas ficaram em casa, contra o que habitualmente fazem naquela zona sísmica – e o terramoto aconteceu, matando gente que se teria salvo se tivesse fugido para a rua.
A sentença é controversa, porque os sismos são imprevisíveis. Mas, exagerada ou não, mostra interesse pelo bem público.
Por cá, a justiça não parece muito interessada em tal coisa. O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, ainda antes de ler o Orçamento para 2013, reclamou o seu envio para o Tribunal Constitucional e ameaça com uma greve (algo pouco compatível com o estatuto desses magistrados).
Entretanto, o dito sindicato não se mostra preocupado com mais uma violação do segredo de justiça, ao saber-se que numa investigação criminal fora gravada uma conversa telefónica, tudo indica inócua, do primeiro-ministro com um banqueiro.