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Francisco Sarsfield Cabral

A dependência do Estado

08 out, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

Atitudes enraizadas há séculos na sociedade portuguesa explicam o medíocre corte na despesa pública até aqui conseguido pelo Governo. Não se reduziram a sério as despesas estruturais do Estado, o que exigiria reformar a Administração Pública.

A dependência do Estado
D. José Policarpo criticou na Renascença a tendência dos portugueses para pedirem tudo ao Estado. E mostrou-se surpreendido com a quantidade de fundações que recebem dinheiros públicos.

Acrescentou o Cardeal Patriarca que o Estado português se considera o único prestador legítimo de serviços, nomeadamente na saúde e na educação.

São estas atitudes, enraizadas há séculos na nossa sociedade, que em boa parte explicam o medíocre corte na despesa pública até aqui conseguido pelo Governo. É certo que baixou a despesa corrente. Mas quase toda essa descida resultou de cortes (temporários) nos vencimentos dos funcionários públicos e dos pensionistas.

Não se reduziram a sério as despesas estruturais do Estado, o que exigiria reformar a Administração Pública. E também não foi significativamente diminuído o dinheiro dos contribuintes que vai, mais ou menos às claras, para o chamado “Estado paralelo”.

O corte no dinheiro público para as fundações foi decepcionante e fechar freguesias não traz grande poupança. É o preço da nossa dependência do Estado.