Na Grécia, Antonis Samaras paga agora uma factura de anos anteriores. Em Portugal, a tarefa do primeiro-ministro é outra.
O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, disse que ocupar esse cargo na actual conjuntura “é o pior trabalho do mundo; é só dor”. Acredita-se, mas Samaras contribuiu para essa dor.
Primeiro, foi ministro no governo conservador que manipulou as contas públicas. O défice que o governo socialista encontrou era muito superior ao divulgado, obrigando a Grécia a pedir ajuda externa.
Depois, Samaras manteve-se anos como líder de uma feroz oposição ao governo de Papandreou, à “troika” e à austeridade. Agora paga a factura.
Por cá também temos esse tipo de oposição da parte dos partidos da esquerda radical. Mas para eles é fácil: são partidos de protesto, conscientes de que não irão ter responsabilidades de governo.
Por isso, dizem as coisas mais loucas. Já o PS, que negociou o memorando de entendimento com a “troika” e aspira a ser governo, a prazo, teve de adoptar uma outra atitude, o que também não é tarefa fácil.
Difícil é, sobretudo, a missão do primeiro-ministro. Esperemos que recupere depressa a confiança dos portugueses – e em si próprio. É vital para o país.