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Francisco Sarsfield Cabral

A rua e a política

28 set, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

As manifestações não ditam a política dos órgãos eleitos, mas, ao recuar, o Governo mostrou bom senso e coragem.

A rua e a política
As manifestações ordeiras – isto é, sem violência física ou verbal – são normais em democracia. Portugal teve uma, no passado dia 15, apontada como sinal de maturidade cívica. Muitas outras manifestações se vão seguir. E é certo que pequenos grupos tentarão conduzi-las para a violência. Esperemos que não o consigam.

Mas, por grandes e pacíficas que sejam, as manifestações não ditam a política dos órgãos eleitos. Há quem receie que o Governo, que recuou na TSU, possa ter ficado amedrontado e por isso incapaz de tomar medidas impopulares.

Decerto que o Governo saiu enfraquecido deste passo em falso. Mas, ao recuar, mostrou bom senso e coragem. Com tempo, poderá recuperar a confiança.

Ser governante nestas circunstâncias é um sacrifício pelo bem comum. Mesmo quando se cometem erros, pois os políticos são humanos.

Um destacado membro do PS, Francisco Assis, escreveu ontem no “Público”: “A rua, em democracia, deve ser respeitada e ouvida, mas estão profundamente equivocados aqueles que, por cegueira ou oportunismo, entendem que ela deve ser linearmente seguida”. Sábias palavras.