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Francisco Sarsfield Cabral

União de esquerda

22 ago, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

Enquanto não deixa o leme, Francisco Louçã avança com propostas que, a concretizar-se, transformariam o BE num partido com aspirações a governar o país.

União de esquerda
Francisco Louçã anunciou a sua próxima saída da liderança do Bloco de Esquerda (lá chamam-lhe coordenação). Mas, entretanto, quer influenciar o futuro do BE.

Propôs uma futura liderança bicéfala, com o que nem todos os militantes concordam. E desafiou o PS a romper com o memorando da “troika” (negociado por um governo PS), mostrando abertura do BE para participar num eventual governo com o PS e o PCP.

A concretizar-se, essa hipótese transformaria este partido de protesto num partido com aspirações a governar o país. Não seria uma transição fácil.

Mas o principal e decisivo obstáculo a uma frente de esquerda incluindo o PS está no abismo político que separa os socialistas da extrema-esquerda, BE e PCP.

Estes dois partidos são marxistas, anticapitalistas e não estimam a democracia representativa. Foi em torno dessa divisão de fundo que se processou a luta política em Portugal entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975. E quem liderou, então, o combate contra uma nova ditadura – desta vez, do proletariado – foi o PS de Mário Soares.