Dívidas no sector dos transportes foram crescendo, em parte, por irresponsabilidade dos governos e dos gestores, enquanto a banca dava crédito. Mas os bancos travaram o crédito.
Amanhã, teremos nova greve nos transportes. Outras se vão seguir. Este ano já houve 189 dias de greve no sector – greves totais e a horas extraordinárias.
Na CP, por exemplo, ainda quase não passou um dia sem uma qualquer greve na empresa. Não por acaso, há dias foi adiada a privatização da CP Carga.
A dívida acumulada do conjunto das empresas públicas de transportes já passa os 10% do PIB nacional – uma monstruosidade. Só a CP devia no fim do ano passado 3,5 mil milhões de euros.
As dívidas no sector foram crescendo, em parte por irresponsabilidade dos governos e dos gestores. Enquanto a banca dava crédito, empurrava-se o problema para a frente com a barriga.
Mas os bancos travaram o crédito. Só o dinheiro dos contribuintes, através do Estado, impediu que algumas empresas simplesmente parassem. E a dívida subiu sempre, porque as empresas tinham sucessivos prejuízos.
Na Transtejo, por exemplo, as receitas cobriam em anos recentes menos de 1/3 dos custos operacionais.
Neste quadro, as greves nos transportes públicos apenas podem ser explicadas por um impulso suicida.