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Francisco Sarsfield Cabral

Credibilidade do BCE

31 jul, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

O presidente do BCE é pouco dado a falar e, sobretudo, a fazer afirmações inconsequentes. Os mercados gostam. Mas nada está garantido.

Credibilidade do BCE
Na quinta-feira passada, o presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, disse que o BCE fará tudo para preservar o euro, acrescentando: “Acreditem-me, o que fizermos será suficiente”.

Declarações deste tipo multiplicam-se desde há anos por parte de políticos europeus, nomeadamente alemães. Só que se revelaram afirmações sem consequências práticas: a crise só tem piorado.

Draghi é um banqueiro central, por feitio e pela função que desempenha pouco dado a falar e, sobretudo, a fazer afirmações inconsequentes. Por isso, as suas palavras tiveram peso, alterando o sentimento dos mercados, que se tornaram mais optimistas.

Esse efeito ainda persiste, embora atenuado. É que entretanto surgiram afirmações de responsáveis alemães aparentemente contrariando os propósitos de Draghi.

Custa a aceitar que Draghi tenha falado sem se concertar previamente com Merkel. Na quinta-feira, há reunião do BCE e vamos saber mais sobre o assunto.

Uma coisa é certa: se as palavras de Draghi não tiverem concretização prática será um golpe fatal na credibilidade do BCE e no próprio futuro do euro.