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Ribeiro Cristóvão

Ficar no Euro

18 jun, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Depois de um começo que não fazia augurar nada de bom com a selecção da Alemanha a criar os primeiros problemas, a Dinamarca e a Holanda permitiram reencontrar os trilhos da vitória e acertar o passo rumo aos quartos-de-final.

Ficar no Euro

Num momento em que o debate gira à volta da Europa, carregando dúvidas que o futuro imediato não vai desfazer, o futebol dá também o seu forte contributo para adornar essa discussão que vai manter-se até ao dealbar do próximo mês de Julho.

Portugal partilha, com um importante quinhão, esse momento em que tantas coisas são postas em causa, com nacos de futebol bem jogado e com sucessos que, para já, parece não terem fim à vista.

No campeonato que decorre no leste europeu, a selecção comandada por Paulo Bento passou por ora o Rubicão. Depois de um começo que não fazia augurar nada de bom com a selecção da Alemanha a criar os primeiros problemas, a Dinamarca e a Holanda permitiram reencontrar os trilhos da vitória e acertar o passo rumo aos quartos-de-final.

Ficou igualmente mais uma vez demonstrado que perder o primeiro desafio não representa nenhuma desgraça.

Num jogo que nem sempre se tornou fácil, o embate com a Holanda permitiu finalmente o reencontro de Cristiano Ronaldo com o seu povo que já tardava em acreditar que seria possível reatar a ligação do jogador madeirense aos golos, o que de melhor sabe fazer.

Começou mal, mas acabou felizmente bem esse “duelo” com a muito espremida laranja mecânica, que apenas ameaçou enquanto os comandados de Paulo Bento não foram capazes de centrar as suas atenções nas facilidades que o adversário lhe consentia.

Depois desse período inicial de algum atabalhoamento em que, inclusive, sofremos um golo incrível, a equipa lusitana teve capacidade para furar os diques e iniciar o assalto à muralha contrária pondo a descoberto as suas fragilidades.

Ronaldo encarregou-se de fazer o resto, desbaratando as resistências que ainda persistiam naquele que terá sido um dos seus melhores jogos ao serviço da selecção nacional. 

Ultrapassar com êxito a fase de grupos tornou-se, por isso, na consequência natural da capacidade de atacar os pontos mais frágeis de um adversário insípido, embora servido por vedetas cuja auréola este campeonato ajudou a destruir.

Agora há que esperar poucos dias pelo compromisso que se segue e vai representar novo teste às capacidades do futebol português frente à República Checa.

Do que ficou, resta a lição de que há possibilidades de chegar longe, se a concentração do grupo português não se distrair com “jogos florais” que, ontem, após o encontro com os holandeses, parecem ter regressado como uma tentação crónica e irresistível.

Paulo Bento, e os jogadores que comanda, devem ter presente que não é recomendável o retorno a um passado recente de má memória, do qual estivemos a colher maus frutos até há ainda bem poucos meses.

Este tempo pode e deve ser aproveitado para coisas bem mais positivas.